Deserto
Vivi o deserto.
Sozinho,
fui Céu
fui Areia
fui água
fui Sede
fui Cristal.
Sozinho,
percorri rotas desconhecidas;
descobri a grandeza de noites iluminadas;
senti o som da bruma do mar ausente;
tive saudades de ser outro.
Sozinho,
fui amanhãs futuros;
sou presente passado;
serei futuro, hoje.
Sozinho,
nas Mãos dum Outro
sem ritos sagrados;
fui perdão,
bênção
e graça.
Sozinho,
intensamente não agindo,
sendo e só, apenas, eu próprio.
Por companhia o Corpo,
a Alma,
o Coração
que de pequenos
são eternamente grandes.
Agosto de 98